quarta-feira, março 29, 2006

7 anos depois

O tempo passa rápido de mais!
A 29 de Março de 1999 preparavamos o regresso a Lisboa depois de alguns dias na maravilhosa cidade de Ponta Delgada. 7 anos voaram entretanto...
Hoje, dei por mim a recordar aqueles dias emocionantes e recheados de alegria. O tempo avançava muito mais do que nós. Tínhamos sede de viver, de nos perdermos no meio dos vulcões, na paisagem verde.
Foi uma viagem a 3, eu, Sofia e Bárbara. Estávamos no final do curso...
Entretanto a vida continuou, afastou-nos umas das outras...A Sofia casou com o Hugo, tem um filhote lindo, o Henrique. Da Bárbara nada sei.
Mas acredito que os verdadeiros amigos não se esquecem, mesmo que não nos vejamos, basta um segundo, duas palavras, um sorriso e aquele abraço.
Sofia, também quero aproveitar esta oportunidade de sermos amigas como eramos.
Para todos aqueles que merecem a minha amizade...
Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicus de Moraes

7 comentários:

Anónimo disse...

O texto é deliciosamente lindo, puro, as palavras são genuínas, cristalinas, enfim, transmite-me uma calma e tranquilidade que bem necessito e me faz falta.Obrigada.

Anónimo disse...

No poema diz, Procuro amigo, eu digo não procures porque já me tens aqui perto de ti

Sofia disse...

Maninha...aquele beijo especial!
Vais ver que vais superar tudo!
A calma é impossível atingir com o Lucas e o Tomás por perto..eheh
Adoro-te

João..obrigada

Thiago disse...

Excelente escolha...reflexo da Sofia que tenho vindo a conhecer.
Quero que saibas que tens aqui um Amigo para quem não és "mais uma", mas uma amiga muito, muito especial e com um lugar reservado nel cuore ad eternum...

beijos

Anónimo disse...

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sofia disse...

Carla, adorei o poema.Simplesmente uma das minhs poetisas de eleição!
Obrigada por o incluires aqui e por apareceres.

Miguel, és um querido! Obrigada por ires aparecendo

Thiago, o que dizer quando já gastei todas as palavras? só me resta poder retribuir com um sorriso e um abraço apertado

Beijinhos mto gds para os 3 :)

Anónimo disse...

Depois de uns anos tão próximas a vida separou-nos um pouco...mas não o suficiente para ser definitivo.Vamos ser amigas para sempre e quem sabe repetir a viagem aos Açores....