Existem momentos na nossa vida que nos sentimos sozinhos, mesmo quando estamos no meio de uma multidão, uma multidão sem nome, sem rosto, com milhares de cheiros...A maior parte do tempo sinto-me assim...Mas...Luto para que assim não seja, mas o que posso fazer?
Já Pablo Neruda dizia:
Tira-me o pão se quiseres,
tira-me o ar,
mas não me tires o teu riso.
Mas, felizmente existem pessoas que nos fazem muito bem...Apagam as nossas tristezas, limpam-nos as lágrimas e nos amam incondicionalmente e para Sempre, onde quer que estejam...
Hoje este post é, só, para a pessoa mais importante da minha vida. A minha mãe!
Em cima da minha mesa
Da minha mesa de estudo
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia rasgo as folhas. Leio tudo
Destes livros em que estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa
Tenho o teu retrato. Mãe!
À cabeceira do leito
Dentro de um lindo caixilho.
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora...
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho
De menino pequenino...!
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhes vás tocar alguém,
(Quem as lesse o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós...)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa..
Três maços - e nada leves! -
Atados com um retrós...
Se não fora eu ter-te assim
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim
(Sei agora
Que isto de ser grande
Não é como se nos pinta...)
Mãe! Já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!
José Régio
As Encruzilhadas de Deus
2 comentários:
Ó pra ela aqui no canto do olho, conseguiste...
Ela vai amar.
Que bonito Sofia :-) parabéns à mãe e à filha pelo amor que nutrem uma pela outra :-)
a tua mana não foi a únicaa ficar com a lágrima no canto do olho :-)
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