quinta-feira, maio 18, 2006

Odeio que esqueçam e troquem o meu nome!

Maria Rosário Pedreira....

Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão
com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,
como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o
nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

Esta frase é simplesmente fabulosa «eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,de guarda aos pesadelos a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres» (Maria Rosário Pedreira)

1 comentário:

Anónimo disse...

Simplesmente lindo!